Água

Água

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Água,

A água que passa por mim

Pelos meus dedos,

água fria, água quente

dedos frios, dedos quentes

É a água que me afunda

É a água que passa e é eu que fico

É a que água passou sem mim

E eu que fico, eu fico nesta onda

Este maremoto, eternamente sem fim

E enquanto o Sol brilha,

Enquanto a Lua reflete tal ardor solar

É aqui nesta praia, nesta noite vazia

que as ondas do mar se acalmam

lembram que de mim tudo vão tirar

Mas a mim, que nada a pertence?

A mim, que não pertence a nada?

Não pertencemos desde o nascer,

E assim,temos de pertencer até morrer

Temo que sim

O que será, da minha alma, quando eu esvanescer?

Efêmero, efêmero,

A vida escorre pelos dedos, assim como a água escorre pela minha mão

A água do riacho, a água do rio

A água do mar e a água da praia

Água

Afundo na água

A água me afunda

E toma de mim tudo o que sobra

Nada me pertence, e eu pertenço a nada

Mas continua a tirar, tirar, tirar

Eu me afundo com a água,

A água que se afunda comigo

A água que se afunda com a água,

E eu me afundo comigo